Só metade se vacinou contra a gripe

28/04/2013 18:26
Desde 2009, quando uma pandemia apresentou o vírus H1N1 ao mundo, ele nunca mais sumiu. A Gripe A apresenta os mesmos riscos, mas ninguém se preocupa tanto com ela. A Campanha de Vacinação contra a Gripe precisou ser prorrogada até 10 de maio, Para Ana Lucia Ferreira, Diretora do Departamento de Epidemiologia da Secretaria de Estado de Saúde (Sespa) a prorrogação do prazo era necessária. “Não vacinamos nem 50% da meta. E vejo que nosso maior problema é a banalização da gripe, as pessoas não levam a sério a gripe. Ela realmente tem uma taxa de mortalidade muito pequena, mas ainda precisa ser evitada entre os grupos de risco”, ressalta.

A Gripe A é quase considerada uma gripe como outra qualquer, que com uma simples vacina é prevenida. Mas em 2013, quatro pessoas já morreram infectadas com esse vírus no Pará. Uma gestante, um cardiopata, um diabético e o quarto tinha doença pulmonar. Todos fazem parte do grupo de risco que deve ser vacinado.

Mas após 13 dias de campanha para vacinação deles, somente 48,92% dos grupos de riscos foram vacinados. Maiores de 60 anos, gestantes, mulheres no puerpério, ou seja, nos primeiros 45 dias após o parto, também as crianças de seis meses a menos de dois anos e pacientes crônicos precisam ir aos postos de vacinação. Segundo Ana Lucia Ferreira, esse público precisa ser vacinado logo. “Já estamos em um período favorável a gripe desde dezembro, a vacina chegou em abril e essas pessoas devem ser vacinadas com urgência. Elas estão com o sistema imunológico debilitado e por isso podem sofrer as complicações de uma gripe. Esse ano tivemos o pior índice de vacinação dos últimos anos. O Governo distribui as vacinas, mas as pessoas não tem ido recebê-la”, relata.

Durante a campanha, 66,25% das crianças foram vacinadas, 40,57% dos pacientes crônicos, 37,45% das gestantes, 49,29% das mães no puerpério e 48,05% dos idosos. Sem a melhor e mais eficiente forma de imunização, pode-se preocupar. “Estamos no período favorável a disseminação do vírus. É a conjuntura que faz parecer que temos mais casos, mas na verdade a Gripe A nunca deixou de existir. A nossa barreira contra a gripe é a vacina, se não vacinamos aí sim podemos nos preocupar”, explica o pesquisador Willer Melo, diretor do Instituto Evandro Chagas.

Vacina é a prevenção para evitar riscos maiores

Quando o H1N1 surgiu, era um vírus desconhecido que hoje não é mais novidade, ainda assim o monitoramento continua. “Em 2013, tivemos 28 casos confirmados de Influenza A e 32 de Influenza B. Esse é o normal, é o período deles. A gripe é sazonal, no inverno, nosso período de chuvas. Em julho, quando aqui é o verão intenso, esse vírus não circula”, explica o pesquisador Willer Melo, do Instituto Evandro Chagas. O IEC acompanha as transformações do vírus da Influenza. “A Pandemia da Gripe A foi a primeira desse século, não se pensa em outra para os próximos dez anos. Ainda assim, nós e outros institutos de pesquisa nacionais e internacionais fazem o monitoramento das cepas desses vírus”, relata.

O pesquisador garante, porém, um alerta. “Na China foi descoberta o vírus H7N9, uma gripe aviária. Já matou algumas pessoas lá, mas está sendo monitorada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e não chegou a outros lugares”, revela.

(Diário do Pará)

https://www.diariodopara.com.br/N-168146-SO+METADE+SE+VACINOU+CONTRA+A+GRIPE.html